O orçamento das famílias brasileiras tem sofrido um impacto doloroso na hora de comprar frutas. No mercado popular, a inflação é medida pela variação dos humores. O abacate virou assunto. E a laranja está com preço de produto importado. A lista é grande: tangerina, laranja-lima, laranja-pera, abacate, limão, abacaxi. Em 12 meses, o preço das frutas, em média, subiu bem mais que a inflação: 16%.
O professor de economia da FGV, Felipe Serigati refresca a nossa memória: “A principal história é: fatores climáticos. A seca acaba reduzindo a produtividade dos pomares, então, para aquele pomar operar com a sua produtividade potencial, precisa de um determinado teor de umidade no solo, mas não foi somente a seca. A temperatura acima da média também prejudica, ela faz com que o fruto acabe se desenvolvendo de maneira mais rápida, acaba amadurecendo fora do prazo”, afirma Serigati.
A produtividade espremida no Brasil respinga em todo o mundo. E mais ainda no país. Entra nessa conta também a alta do dólar. Principalmente, no caso da laranja. O Brasil é de longe o maior produtor mundial. E o preço não é formado aqui, mas no mercado internacional em dólar. Como o real perdeu bastante para a moeda americana esse ano, pode acontecer de ser mais pesado pagar pelo suco em São Paulo do que em Nova York.
“Tudo que é precificado em dólar de alguma forma ficou mais caro quando a gente traz esse preço para o real, quando a gente internaliza esse preço aqui dentro do Brasil”, complementa o professor da FGV. No mercado popular, o pessoal entende, mas daí a aceitar… “Se a gente planta aqui colhe aqui, então, para a gente, tinha que ser mais barato do que em qualquer lugar do mundo, né?”, questiona o vidraceiro Lucimar Araújo.
Fonte: G1